quinta-feira, 25 de agosto de 2011

FUTEBOL: GLOBALIZAÇÃO X BAIRRISMO?




            O futebol é um esporte mais que centenário, inventado, dizem alguns historiadores, pelos ingleses, mais que teve no Brasil seu expoente de paixão e amor e até mesmo de um verdadeiro fanatismo. Trazido ao Brasil no final do século XIX, o futebol exerceu uma função social importante. Mesmo tendo começado elitista, aproximou – se das classes sociais mais pobres e ainda rompeu as barreiras raciais, possibilitando aos negros jogarem profissionalmente este esporte e tudo isto até a primeira metade do século XX.
            Desta forma grandes times surgiram em todo país, mais fortemente no eixo Rio – São Paulo, isto em função da concentração de renda no Sudeste brasileiro. Costumava – se dizer que o futebol foi um esporte até os anos 70 do século XX, mais a partir daí passou a ser um “balcão de negócios”. De fato, o mundo vivia uma disputa bi – polarizada entre os E.U.A. e a URSS, a economia era disputada a bancarrota das soberanias e autonomias políticas dos países. Ditaduras surgiram na América – Latina financiada pelos estadunidenses, enquanto na Ásia e na África as ditaduras eram consolidadas em conseqüência do neo – colonialismo. Todo este distúrbio causou uma nova ordem no mundo, ou seja, uma nova faceta do capitalismo financeiro, que agora seria sustentada no neo – liberalismo e aparelhada no pós – modernismo, onde as ditaduras não exerciam mais a função centralizadora dos interesses estadunidenses e que a pseudo – liberdade política e econômica firmada no consenso de Washingtom, determinaria o mundo.
            Mais o que tudo isto tem haver com o futebol? Como mais uma estrutura social no mundo, o futebol entrou na era da financeirização. No futebol em geral começou nos anos 60 do século XX, enquanto no Brasil começou nos anos 70 do mesmo século, ainda aparelhado pelos governos militares, mais intensificou – se nos anos 90, onde já estaria consolidando seu processo de liberdade política. No mundo, grandes empresas começaram seu processo de financeirização do futebol, ou seja, exploração da imagem dos times e jogadores, associando as suas marcas. Empresas como Coca – cola, Nike, Pepsi e Gillete...já são recorrentes no mundo futebolístico. Salários passaram a serem exorbitantes com transações milionárias. A partir dos anos 90 o futebol entra de fato no rol dos grandes negócios no mundo.
            Consonante com a financeirização do futebol, a mídia entra forte neste nicho de mercado. Grandes empresas televisivas no mundo passaram a financiar o futebol. De fato uma partida entre Barcelona e Real Madri pela Liga dos Campeões da Europa é assistida por bilhões de pessoas em mais de 200 países, isto é a “globalização do futebol”. Fato este que tem gerado um monopólio futebolístico de algumas equipes privilegiadas, devido a predominância de investimentos.
            No Brasil os times do eixo Rio – São Paulo são privilegiados com maiores cotas televisivas e patrocínios. As cotas televisivas são destinadas em função do monopólio da Globo que centraliza suas transmissões no Sudeste, principalmente Corinthians e Flamengo, retransmitindo para todo Brasil, ou seja, é a marca destes times sendo massificada a todos. Em função disto há uma alienação futebolística. Os times do eixo Rio – São Paulo tem aumentado o número de torcedores em outros estados. No Nordeste, por exemplo, com exceção do estado de Pernambuco times como o Flamengo, Corinthians e São Paulo, tem maiores torcidas. Recentemente, alguns movimentos nos estádios em repúdio aos torcedores que torcem por times do eixo Rio – São Paulo tem crescido, como forma de resistência a globalização e financeirização do futebol. Interessante são os argumentos utilizados pelos torcedores que torcem por times de outros estados e da própria mídia financiadora desta situação. “Dizem não haver problemas”, “isto é democracia”, “cada um tem direito de torcer pelo time que quiser” e “quem manda os times pequenos não se estruturarem”. Vamos analisar. Na verdade é uma pseudo – democracia, já que não existe divisão de cotas televisivas e patrocínios iguais entre os times. Desta forma quem receber mais, tem melhores condições de montarem seus times fortes; outro argumento falho é dizer que os times ditos pequenos e médios têm péssimas direções, algumas podem até ter, mais precisamos observar que os times do eixo Rio – São Paulo são quem mais tem dívidas trabalhistas e fiscais.
            Diante disto entende – se que cada um tem direito de escolher que time torcer, mais precisa – se entender o que esta por trás de todo este problema. A globalização e a financeirização geram os monopólios, que no caso do futebol estimula uma competitividade de forma desigual, o que faz com que a minoria prevaleça. O ideal seria que a divisão dos recursos fossem equânimes e as mídias, principalmente televisivas, não privilegiassem apenas os times do eixo Rio – São Paulo.

Por Fábio Emmanuel ( Fabão)
Professor de História
Direção de Comunicação do SINPRO - PE

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