segunda-feira, 23 de maio de 2011

Cidadão Orson Welles: quem é o autor do melhor filme da história?

22 de Maio de 2011 - 16h59


Rosebud. Essa palavra, todo cinéfilo tem de cor na cabeça, desde que Cidadão Kane tornou-se o ícone mundial do cinema de arte. Não foi uma fama imediata. O mito Kane foi se construindo ao longo do tempo, forjando sua própria tradição e posteridade.


Por Luiz Zanin Oricchio, no O Estado de S.Paulo

Cidadão Kane teve sua première dia 1º de maio de 1941, em Nova York. Chegou ao Brasil em 16 de junho do mesmo ano, antes da Europa. Compreende-se. A maior parte dos países europeus estava então envolvida na 2.ª Guerra e fechada ao cinema americano. Uma exceção era Portugal (neutro), que colocou o filme de Welles em cartaz em outubro de 41, com o título de O Mundo a Seus Pés.

Em sua terra, Kane enfrentava percalços. O magnata das comunicações, William Randolph Hearst, reconheceu-se no personagem e boicotou a película. Via em Kane o homem poderoso e, no fundo, vazio, corrupto, destruidor de pessoas que era ele próprio. Havia outra alusão, de ordem sexual. Rosebud (botão de rosa) seria o apelido que Hearst dava à parte íntima da anatomia da amante, Marion Davies.

Temeroso do poder de Hearst, Louis B. Mayer, boss da MGM, ofereceu à RKO US$ 800 mil para queimar o negativo. Por sorte, a oferta não foi aceita. No Oscar, Kane não teve melhor sorte. Indicado a nove categorias, ganhou apenas em uma — roteiro, de Herman Mankiewicz, dividindo o crédito com o próprio Welles.

Kane se impôs aos poucos. A cada geração, enaltecido por camadas geológicas de exegeses e críticas favoráveis, foi ganhando a posição de "filme dos filmes". Uma espécie de princípio do cinema moderno, aquele que saía do cisma provocado pela entrada em cena do sonoro nos anos 30, e que subvertera a estética do silencioso.

Os anos 20 haviam produzido todo o expressionismo alemão, boa parte da obra de Chaplin, os divisores de água de Eisenstein (Encouraçado Potemkin e Outubro). Com o sonoro, temia-se a regressão a uma estética anterior, colocando toda a força nos diálogos e esvaziando a imagem. Não precisava ser assim, e não foi. Kane não foi o único a demonstrá-lo, mas talvez o tenha feito com ênfase inigualável.

Mesmo após o incrível sucesso crítico alcançado, Kane continuou a levantar polêmicas. Uma delas partiu da norte-americana Pauline Kael que, em seu ensaio Criando Kane, atribui a Mankiewicz a maior parte do mérito pelo sucesso de Kane. De acordo com Kael, é o texto brilhante que faz o filme.

Ok, mas mesmo com o melhor dos textos, o que seria da obra sem a mescla de gêneros proposta por Welles, sem a profundidade de campo usada por Gregg Toland, a montagem descontínua de Robert Wise, a música de Bernard Herrmann, o uso criativo da narração radiofônica? Enfim, sem tudo aquilo que faz de Kane um filme (e não um texto) extraordinário, por obra e graça de Welles, o grande regente por trás de todos esses talentos?
Sua influência posterior talvez seja inigualável, pois todo o melhor cinema moderno é seu devedor. Mesmo seu achado — a palavra "rosebud" —, que guia a trama nesse intrincado enigma chamado Charles Foster Kane, mantém sua força. Rever Cidadão Kane, 70 anos depois, ainda é uma experiência sem par. Terminamos o filme sem fôlego, contemplando aquela imagem singela e ao mesmo tempo misteriosa. Todos temos o nosso rosebud pessoal. Foi Kane que nos ensinou essa verdade simples.


FONTE SITE VERMELHO!!!!




Com inflação, estados pagam 30% a mais em juros da dívida em 2011!!!!

22 de Maio de 2011 - 16h42

Com possibilidade de ser usada pelo Ministério da Fazenda como instrumento de negociação na reforma tributária, a dívida dos estados está sofrendo efeitos da alta da inflação. Com o endividamento corrigido pelo Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna IGP-DI da Fundação Getulio Vargas (FGV) – que é sensível às pressões do atacado e dos preços internacionais –, as unidades da Federação iniciaram o ano pagando mais juros do que no mesmo período do ano passado.

Segundo levantamento da Agência Brasil, as despesas estaduais com os juros da dívida aumentaram, em média, 30,7% nos dois primeiros meses de 2011 na comparação com o mesmo período do ano passado. Em valores, os gastos saltaram de R$ 2,219 bilhões para R$ 2,901 bilhões. Os dados têm como base relatórios de execução orçamentária que os estados e o Distrito Federal enviam periodicamente ao Tesouro Nacional.

A pressão sobre os juros da dívida não é compensada pelo aumento da arrecadação decorrente da inflação. De acordo com os mesmos relatórios, as receitas totais dos estados aumentaram 13,01% no mesmo período. Esse efeito é provocado principalmente pelo Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), tributo de competência das unidades da Federação diretamente relacionado aos preços. Quando a inflação sobe, as receitas do ICMS também sobem.

Os estados mais afetados pelo aumento dos juros da dívida são o Tocantins, cuja despesa subiu 150% no primeiro bimestre; Minas Gerais, com alta de 124%; e o Rio de Janeiro, com 63%. O efeito sobre os juros das dívidas poderia ser pior não fosse o calendário de pagamento de juros. O Rio Grande do Sul pagou 31% a menos de juros em janeiro e fevereiro, mas não dá para verificar se a tendência persistiu nos meses seguintes de 2011 porque os estados ainda não enviaram os relatórios do segundo bimestre.

A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) estabelece que a dívida dos estados só pode atingir até 200% da receita corrente líquida. A alta do indexador que corrige as dívidas torna mais difícil o cumprimento desse limite, mas os dados sobre a LRF constam de outro documento que só será enviado pelas unidades da Federação nos próximos meses. No último relatório, do fim do ano passado, apenas o Rio Grande do Sul excedia o limite de endividamento entre os estados.

Depois da renegociação das dívidas no fim da década de 1990, os estados passaram a ter a dívida corrigida pelo IGP-DI mais 6%, 7,5% ou 9% ao ano, dependendo de cada caso. Com a alta da inflação, o IGP-DI está em 10,84% no acumulado nos últimos 12 meses, o que pode fazer a dívida disparar até 20% neste ano e criar dificuldades para as contas dos estados.

Nos últimos 15 dias, governadores que se reuniram com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, para discutir a proposta de reforma tributária pediram a mudança na forma de correção das dívidas. Inicialmente, o ministro não se pronunciou. Durante encontro com governadores do Sul e do Sudeste, na última quarta-feira (18), Mantega admitiu que pode revisar os indexadores.

O levantamento abrangeu 20 estados e o Distrito Federal. Alagoas, o Amapá, Mato Grosso do Sul, o Rio Grande do Norte, Rondônia e Roraima não foram incluídos porque não haviam enviado o relatório de execução orçamentária ao Tesouro.

Fonte: Agência Brasil

domingo, 22 de maio de 2011

Professores da rede privada decretam greve!!!!



Se as negociações não avançarem será deflagrada a paralisação
Lucas Santana
FÁBIO disse que piso salarial do docente é baixo
FÁBIO disse que piso salarial do docente é baixo
Ontem pela manhã, professores da rede particular de ensino em Pernambuco decretaram estado de greve. Após mais uma tentativa de negociação com o sindicato patronal, que aconteceu na última quinta-feira, os professores decidiram fazer “pressão” para conseguir aumento do piso salarial entre outros benefícios. O Sindicatos dos Professores de Pernambuco (Sinpro-PE) vai esperar o resultado da primeira assembleia dos patrões na próxima quarta-feira (25) e, dependendo da decisão, na próxima reunião da categoria marcada para o dia 31 deste mês, os professores poderão deflagrar a greve.

Segundo o Sinpro-PE, os profissionais estão insatisfeitos com o tratamento dado por parte dos donos de escola, que continuaram não demonstrando nenhum interesse em negociar as reivindicações. No último encontro realizado no último dia 10, simultaneamente, no Recife e Caruaru, os professores aprovaram o piso salarial de R$ 10 por hora/aula, que atualmente, varia entre R$ 4,40 a R$ 5,80, melhores condições de trabalho, educação continuada, cumprimento de bolsas de estudo para os filhos e as assinatura das carteiras de trabalho dos professores de toda a rede.

“Já estamos há dois meses nessa luta e não tivemos nenhum avanço porque os patrões não deixaram claro o seu posicionamento. Existem vários pontos em que o professor é explorado, até ameaçado de perder seu emprego simplesmente por lutar por seus direitos. É um absurdo”, afirmou um dos diretores do Sinpro-PE, Fábio Emanuel. De acordo com Fábio, o piso é tão baixo que os profissionais têm que trabalhar em diversos horários, impedindo que ele tenha tempo de preparar aulas mais abrangentes e de investir na sua formação como mestre ou doutor. Se o profissional conseguir uma licença para estudar, ele não vai receber remuneração alguma durante a sua especialização. “Temos que nos unir afim de alcançar as metas que vão valorizar o professor. Enquanto não obtemos um resultado satisfatório, vamos continuar com essa pressão, podendo até a deflagrar uma greve geral”, afirmou Fábio.

Em Pernambuco existem hoje, cerca de duas mil escolas privadas com uma demanda de até quatro mil alunos, o que faz a decisão se tornar de extremo interesse para os País e estudantes. O presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino (Sinepe), José Ricardo, disse que as propostas encaminhadas pelos professores estão sendo analisadas, pois contém diversos artigos que devem ser observados com cuidado. “Nós só vamos mostrar que posição tomaremos após a assembleia. Consideramos a negociação em aberto e, confio que a decisão escolhida será a melhor”, declarou Ricardo.
 
Recife 21 de maio de 2011!!!!
 
FONTE SITE DA FOLHA DE PERNAMBUCO!!!

domingo, 15 de maio de 2011

Desabafo de um professor!!!


Campanha Salarial 2011/2012
Colegas professores, é sabido por todos que estamos no processo de negociação salarial desde nossa data – base de 1º de abril e tendo já realizado duas assembléias, sendo a última ocorrida  no dia 19 de abril do corrente ano. Neste ínterim tivemos grandes dificuldades de nos reunirmos com os patrões, pois estes se recusavam a oficializar os dias das reuniões, fazendo com que nós do SINPRO – PE, enviássemos um ofício mencionando que se não fosse marcada as reuniões negociais, iríamos suscitar a participação do Ministério do Trabalho e Emprego para forçarem as negociações. Diante disso estamos em meados de maio e só conseguimos realizar duas reuniões mostrando que os patrões estão utilizando de prática anti – sindical com intuito de desmobilizar a categoria.
                Nas duas últimas reuniões que conseguimos realizar com muita dificuldade, ficou cada vez mais evidente que os patrões não se preocupam com a educação de qualidade, muito menos com o bem estar do professor e nem com sua saúde, a única coisa que os interessa é o lucro a todo custo, mesmo que para isso explore até a “última gota de suor” de nós professores.  Nós da comissão de negociação, estamos tentando travar um debate à cerca da política educacional, das condições de trabalho e da qualidade de vida. Entendemos que nosso piso salarial hoje, que está em R$5,82 para o ensino médio é muito baixo, sendo constatado a partir de dados do DIEESE, como um dos piores do Brasil, o que não condiz com o crescimento econômico de Pernambuco que beira 10% e com o aumento das mensalidades que em Pernambuco tiveram média de 14%. Continuamos defendendo piso único para todos os professores no valor de R$10,00, capacitação continuada, valorização financeira de formação, condições de trabalho, prevenção da violência contra os professores, instituir plano de cargos, carreiras e vencimentos, vale refeição e seguro de vida, entre outros. Todas estas propostas são viáveis, pois valorizam a força motriz das escolas, que é o professor.
                Os patrões têm argumentado com discurso demagogo e hipócrita que as escolas estão em crise, que não tem condição de avançar nas cláusulas econômicas e inclusive já sinalizam com propostas de retiradas de cláusulas de nossa convenção coletiva de trabalho, que foram conquistadas com muito suor por nós professores, como no caso da bolsa de estudo para filhos de professores e o adicional de pesquisa. Inclusive, no caso das bolsas estão utilizando de um artifício no mínimo leviano, para não dizer outra coisa. Os patrões estão criando diversos CNPJ na mesma escola, onde o professor que ensina no ensino médio, por exemplo, que tem um CNPJ, não poderá ter a gratuidade de seu filho na educação infantil na mesma escola, pois será outro CNPJ. Já é uma tentativa de burlar a nossa convenção, e agora mais descaradamente estão querendo retirar este direito conseguido com muita luta. Recentemente no jornal do SINEPE ( SINDICATO DOS PATRÕES) referente ao mês de março, um editorial foi escrito enaltecendo a evolução gradual e o avanço das escolas privadas em Pernambuco. Isto é contraditório com o discurso patronal. Pois vejam: Neste editorial é citado “Muitos dos novos empresários precisaram buscar capacitação para exercer o novo papel de gestores de um empreendimento.” “...Mas a profissionalização do setor, tão defendido há anos pelo SINEPE (SINDICATO PATRONAL), vem acontecendo de forma gradual”, é interessante este discurso de modernização e profissionalização de gestão, principalmente por não ser posto em prática. Em pleno século XXI cerca de quase 50% das escolas não assinam carteira de trabalho, descumprem convenção coletiva de trabalho, não pagam o FGTS e nem recolhem o INSS, nem ao menos querem depositar a remuneração do professor em conta corrente ou conta salário, inclusive argumentaram que existe muita dificuldade para efetuarem depósito em conta. Na verdade é mais uma forma de burlar as leis, muitas escolas infelizmente pagam em cheques cruzados, cheques sem fundo e quando pagam. Aí vem a pergunta que não quer calar: Que modelo de profissionalização de gestão é este que nem depósitos da remuneração do professor querem fazer em conta – corrente? Sem falar em todos os descumprimentos supracitados; outro trecho citado neste editorial do SINEPE (SINDICATO PATRONAL) foi “Docentes e demais trabalhadores em educação também vem melhorando seu arcabouço profissional graças à evolução do ensino privado”. Mais uma vez interessante. Evolução do ensino privado? Então o discurso de que a escola privada está falida e que nem lucros mais possuem é mentiroso. O argumento de dizer que as escolas passam por uma eterna crise e que por isso não podem atender a nenhuma cláusula econômica é falácia, pois os patrões afirmam no edital de seu jornal, escrito por seu presidente que o ensino privado evoluiu. Mais digamos que ele também queira se referir a qualificação profissional de seu professor, nós do SINPRO – PE, propusemos na mesa de negociação aumentar os valores percentuais de titulação no seguinte patamar: 15% para especialização, 25% para mestrado e 30% para doutorado. E que todos estes valores fossem iguais para qualquer série, desde o Infantil até o ensino médio, o que acontece hoje é que as professores do infantil para qualquer titulação que tenha, só ganham 3%. Esta proposta foi rechaçada pelos patrões pois disseram, que estão passando por crise, “eita crise danada que nunca passa”, mais estão sempre trocando seus carros anualmente as custas da exploração do trabalho do professor. Pergunto-me, por que disseram evolução do ensino privado e qualificação profissional do professor? Se para nos qualificarmos precisamos nos ausentar de sala de aula. Como fazermos se nem mesmo temos direito a licença remunerada? Como qualificar o professor se não valorizar sua formação a partir de incentivos percentuais financeiros? Como falar de formação do professor, se nem ao menos conseguimos participar na construção da orientação pedagógica da escola?  Por sinal perguntamos a um dono de escola na mesa de negociação qual era a orientação pedagógica da escola dele, se era interacionista, construtivista...e ele respondeu “que era capitalista”, ou seja, só visa lucros e não se preocupam com os futuros cidadãos que estão formando. Como qualificar o professor ou como gerar condições para sua formação, se somos violentados emocionalmente, psicologicamente e fisicamente por gestores que tiram a nossa moral perante toda a comunidade escolar?   Não é invenção, a cada dia que passa aumenta casos de professores agredidos, desenvolvendo doenças psicológicas, problemas nas cordas vocais entre outros. Agora faço uma pergunta final: Se nós professores somos tão importantes para a educação e para escola, porque a prática não corresponde ao discurso descrito no editorial dos patrões?
                Caros colegas, não existe vitória sem luta e a luta é um estado de espírito, precisamos entender que nós somos um peça de uma engrenagem importante, que é a educação. E para isto, necessitamos de valorização profissional, de respeito, de condições de trabalho e que possamos estar bem de saúde. Mais do que tudo a sociedade precisa entender que não somos vilões, nem heróis, somos agentes importantes na construção do saber. E acima de tudo os patrões tem a obrigação de saber e de respeitar a nós profissionais da educação que temos papel fundamental na construção de uma verdadeira sociedade universal e igualitária.


Por Fábio Emmanuel
Diretor de comunicação do SINPRO
Professor de história

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Leonardo Boff: Fez-se vingança, não justiça!!!!

9 DE MAIO DE 2011 - 15H26 


"É por todos os títulos inaceitável que um Estado, militarmente o mais poderoso do mundo, para responder ao terrorismo se tenha transformado ele mesmo num Estado terrorista"

por Leonardo Boff no Congresso em Foco

Alguém precisa ser inimigo de si mesmo e contrário aos valores humanitários mínimos se aprovasse o nefasto crime do terrorismo da Al Qaeda do 11 de novembro de 2001 em Nova Iorque. Mas é por todos os títulos inaceitável que um Estado, militarmente o mais poderoso do mundo, para responder ao terrorismo se tenha transformado ele mesmo num Estado terrorista. Foi o que fez Bush, limitando a democracia e suspendendo a vigência incondicional de alguns direitos, que eram apanágio do pais. Fez mais, conduziu duas guerras, contra o Afeganistão e contra o Irã, onde devastou uma das culturas mais antigas da humanidade, nas quais foram mortos mais de cem mil pessoas e mais de um milhão de deslocados.

Cabe renovar a pergunta que quase a ninguém interessa colocar: por que se produziram tais atos terroristas? O bispo Robert Bowman, de Melbourne Beach na Flórida, que fora anteriormente piloto de caças militares durante a guerra do Vietnã respondeu, claramente, no National Catholic Reporter, numa carta aberta ao presidente: ”Somos alvo de terroristas porque, em boa parte no mundo, nosso governo defende a ditadura, a escravidão e a exploração humana. Somos alvos de terroristas porque nos odeiam. E nos odeiam porque nosso governo faz coisas odiosas”. 

Não disse outra coisa Richard Clarke, responsável contra o terrorismo da Casa Branca numa entrevista a Jorge Pontual emitida pela Globonews em 28/02/2010 e repetida no dia 03/05/2011. Ele havia advertido à CIA e ao presidente Bush que um ataque da Al Qaeda era iminente em Nova York. Não lhe deram ouvidos. Logo em seguida ocorreu, o que o encheu de raiva. Essa raiva aumentou contra o governo quando viu que, com mentiras e falsidades, Bush, por pura vontade imperial de manter a hegemonia mundial, decretou uma guerra contra o Iraque que não tinha conexão nenhuma com o 11 de setembro. A raiva chegou a um ponto que ele, por saúde e decência, se demitiu do cargo.

Mais contundente foi Chalmers Johnson, um dos principais analistas da CIA, também numa entrevista ao mesmo jornalista no dia 2 de maio do corrente ano na Globonews. Johnson conheceu por dentro os malefícios que as mais de 800 bases militares norte-americanas produzem, espalhadas pelo mundo todo, pois evocam raiva e revolta nas populações, caldo para o terrorismo. Ele cita o livro de Eduardo Galeano, As veias abertas da América Latina, para ilustrar as barbaridades que os órgãos de inteligência norte-americanos por aqui fizeram. Denuncia o caráter imperial dos governos, fundado no uso da inteligiência que recomenda golpes de Estado, organiza assassinato de líderes e ensina a torturar. Em protesto, se demitiu e foi ser professor de história na Universidade da Califórnia. Escreveu em três tomos Blowback (Retaliação), onde previa, por poucos meses de antecedência, as retaliações contra a prepotência norte-americana no mundo. Foi tido como o profeta de 11 de setembro. Eis o pano de fundo para entendermos a atual situação que culminou com a execução criminosa de Osama Bin Laden.

Os órgãos de inteligência norte-americanos são uns fracassados. Por dez anos, vasculharam o mundo para caçar Bin Laden. Nada conseguiram. Só usando um método imoral, a tortura de um mensageiro de Bin Laden, conseguiram chegar ao seu esconderijo. Portanto, não tiveram mérito próprio nenhum.

Tudo nessa caçada está sob o signo da imoralidade, da vergonha e do crime. Primeiramente, o presidente Barak Obama, como se fosse um “deus”, determinou a execução/matança de Bin Laden. Isso vai contra o princípio ético universal de “não matar” e dos acordos internacionais que prescrevem a prisão, o julgamento e a punição do acusado. Assim se fez com Hussein do Iraque,com os criminosos nazistas em Nürenberg, com Eichmann em Israel e com outros acusados. Com Bin Laden, se preferiu a execução intencionada, crime pelo qual Barak Obama deverá um dia responder. Depois, se invadiu território do Paquistão, sem qualquer aviso prévio da operação. Em seguida, se sequestrou o cadáver e o lançaram ao mar, crime contra a piedade familiar, direito que cada família tem de enterrar seus mortos, criminosos ou não, pois, por piores que sejam, nunca deixam de ser humanos.

Não se fez justiça. Praticou-se a vingança, sempre condenável. ”Minha é a vingança”, diz o Deus das escrituras das três religiões abraâmicas. Agora, estaremos sob o poder de um imperador sobre quem pesa a acusação de assassinato. E a necrofilia das multidões nos diminui e nos envergonha a todos.



FONTE SITE VERMELHO!!!

Aldo Rebelo: Miriam Leitão e a sombra da vara torta!!!!

9 DE MAIO DE 2011 - 15H07 


Em dois artigos recentes, a jornalista Miriam Leitão voltou ao tema do Código Florestal: acusou o debate de medíocre, talvez olhando no espelho as colunas que escreve, repetiu ataques pessoais ao relator e lançou as ameaças do apocalipse caso a legislação atual seja tocada. 

Por Aldo Rebelo*

Nenhuma palavra sobre o fato de um decreto presidencial manter suspensa parte da legislação em vigor e as multas decorrentes dela, exatamente em razão dessas normas deixarem fora da lei quase 100% dos pequenos e médios agricultores do país.

Miriam Leitão sabe que a essência desse debate não se situa em torno de Reserva Legal e metragens de proteção de rios, e que seus amigos do Greenpeace estão se lixando para essa questão no resto do mundo. Estão preocupados com baleias na Argentina ou golfinhos em algum oceano do planeta. Os temas da Reserva Legal e Área de Preservação Permanente sequer são encontrados nos parlamentos ou na mídia dos países que financiam e acolhem as ONGs internacionais que aqui atuam com a desenvoltura que não se conhece por lá. 

Área consolidada – Se pesquisasse minimamente, a colunista não diria que o projeto de reforma do Código Florestal “criou a figura da área rural consolidada”, uma expressão traduzida da inglesa “consolidated area” e que se tornou uma categoria do urbanismo e das ciências do meio ambiente para nomear zonas urbanas ou rurais já ocupadas intensamente pelo homem. 

Pequenos x grandes – Ao negar que o projeto privilegia os pequenos proprietários (4,3 milhões em um universo de 5,2 milhões), a colunista ignora que só a eles se destina a isenção de recuperação da Reserva Legal, que permanecerá a existente na propriedade até 2008. Aos pequenos, a exigência de Reserva Legal, nos termos atuais, significa custo incompatível com sua renda e brutal confisco da terra já minúscula que utilizam para a sobrevivência e produção de alimentos. 

Anistia – Quando pergunta se “é a lei que joga na ilegalidade ou quem desrespeita a lei que entra na ilegalidade?”, a resposta deve ser dada pelo conselheiro Acácio: qualquer lei com efeito retroativo joga na ilegalidade quem agia dentro da lei. Todos sabem, ou deveriam saber, que não há crime sem lei anterior que o defina. A minha proposta não anistia crimes ambientais como diz Miriam Leitão, apenas copia o decreto em vigor que suspende multas até a regularização das propriedades. É bom insistir que a lei trata como “criminosos” todos aqueles que estavam na legalidade e que dela foram retirados por portarias, medidas provisórias e resoluções do Conama. 

Definições técnicas – A colunista ironiza a linguagem técnica das definições utilizadas no projeto. Não sabe que é da boa técnica legislativa descrever os institutos de forma inequívoca, sem permitir ambiguidades. Daí a lei ter de fixar com exatidão o que é Reserva Legal, APP, Restinga, Vereda, para que, neste último caso, por exemplo, um colunista açodado não confunda uma fitofisionomia específica com um bolero mexicano nem com várzea de rio, acepção que também encerra em algumas regiões do país. “Ainda bem que li Guimarães Rosa, senão jamais saberia o que é uma vereda,” diz a colunista. Se leu Sagarana, deveria saber que “sapo não pula por boniteza, mas porém por precisão.”

Interesse social – Em ato falho, a colunista repudia a inclusão da “produção de alimentos” no instituto do “interesse social”. Se a produção de feijão, arroz, milho, mandioca, trigo, soja, carne, hortifrutigranjeiros não for de interesse social, o que será? Interesse social é boicotar a segurança alimentar do povo brasileiro? É importar feijão preto da Argentina, arroz da Ásia, mandioca da Nigéria? Interesse social seria obrigar um severino do Nordeste, onde metade das propriedades têm menos de cinco hectares, a destinar boa fatia de seus sete palmos de terra à proteção de um riacho que escorre na chuva, quando chove, e some na estiagem? Interesse social é fazer uma lei linear para todos os diferentes biomas do território nacional e impor que as propriedades de cinco hectares sigam as mesmas exigências das que têm 10.000 hectares? 

Faço tais considerações em atenção aos leitores, pois, nesse assunto de veredas, sei muito bem que tortuosidade natural não se corrige. É preciso reconhecer que as ideias de Miriam Leitão têm lastro em grandes intelectuais como Thomas Malthus, aquele que achava que não havia lugar para os pobres no banquete da natureza. Foi duramente atacado por Marx que qualificou a ideia do monge inglês de “libelo contra a raça humana”; e ironizado por Engels que escreveu que para Malthus o mundo já estaria superpovoado quando tinha um único habitante. O Clube de Roma, uma ONG de magnatas do primeiro mundo, retomou a teoria segundo a qual a natureza já estava esgotada por eles e que os pobres passassem a poupar energia. A mesma coisa proclama Al Gore no panfleto A Terra em Balanço. Não discutem o consumo conspícuo das nações ricas, mas o direito dos pobres a almoçar, jantar e cear. 

Presto esses esclarecimentos sem a ilusão de mudar os conceitos de Miriam Leitão, pois no caso sigo o provérbio português, ao nos ensinar que “não se endireita a sombra da vara torta”.

*Aldo Rebelo é deputado federal (PCdoB-SP), relator do Código Florestal, presidiu a Câmara dos Deputados e foi Ministro de Relações Institucionais no governo Lula



FONTE SITE VERMELHO!!!

A Saúde do professor esta no limite!!!!!




Há muito se debate sobre condições de trabalho, qualidade de vida e saúde do professor, mais poucas são as conclusões dos males que são causados, apenas se sabe que o professor, principal engrenagem da educação, esta adoecendo fisicamente e psicologicamente, o que causa sérios transtornos na qualidade da educação de um modo geral. Isto se deve, na prática, a exploração muitas vezes desumana a nós professores, que temos de cumprir jornadas de trabalho exorbitantes, sem condições de trabalho e com uma remuneração abaixo do digno a esta categoria tão importante na sociedade.
Diante destes fatores, várias pesquisas têm sido feita em busca de identificar que males acometem o professor, além de descobrir suas origens. A partir desta identificação fica mais fácil entender porque uma classe tão importante tem adoecido constantemente. Em diversas fontes pôde observar que doenças como estresse, Lesão por esforço repetitivo, problemas nas cordas vocais e síndrome de Burnout tem sido os males que o professor tem adquirido no ambiente de trabalho. Claramente alguns fatores disseminam estas doenças psicológicas e físicas, que acarretam conseqüências ruins na qualidade de vida do professor.
Mais, o que leva o professor a desenvolver tais males supracitados? Claro que chegar a uma conclusão é preciso ter base, e assim pudemos identificar as causas e conseqüências das principais doenças desenvolvidas no professor em seu ambiente de trabalho. Entre as maiores causas está a grande jornada de trabalho do professor do setor privado de educação. Vale lembrar que somos horistas e não mensalistas, ou seja, recebemos nosso salário por hora aula trabalhado, o que nos leva muitas vezes a trabalhar os três turnos para perfazermos um salário decente; outros fatores também desencadeiam esta série de males como: a falta de horário para a refeição do almoço, em virtude de termos de sair de um estabelecimento educacional para outro e portanto ocorre uma má alimentação; não temos direito a uma formação continuada, já que pela convenção coletiva de trabalho toda vez que formos nos qualificar só teremos direito a um licença não remunerada; A atitude dos donos de escolas que tiram a moral do professor perante a comunidade escolar, o que caracteriza claramente um assédio moral, que consequentemente leva ao desenvolvimento de doenças psicológicas; uma hora aula que varia aqui em Pernambuco de R$4,43 até R$ 5,82, sendo uma das piores do Brasil. Isto leva o professor a ter que se submeter a trabalhar os três turnos para receber uma remuneração ainda insuficiente para tentar sobreviver. Assim, percebe – se uma clara exploração do trabalho docente que tem levado os professores a uma vida de má qualidade e consequentemente ao desenvolvimento de doenças que acabam por tirar a nós professores de sala de aula ou fazer com que nosso desempenho esteja aquém do ideal.
Como prevenir ou tratar os problemas de saúde dos professores é uma discussão que vem ocorrendo em diferentes níveis. Claramente a prevenção é o melhor caminho. O problema é que toda comunidade escolar precisa estar convencida disto, a começar pelos patrões que olham o professor como um produto de reposição num supermercado e portanto só se preocupam, se nós estamos cumprindo o horário ou o conteúdo programático estabelecido num  planejamento que muitas vezes vem pronto da direção para sermos então meros repetidores de conhecimento e não, construtores do saber. Os pais e os alunos precisam também entender que somos humanos e temos nossas limitações. A partir disto a direção do SINPRO – PE com sua gestão RENOVAÇÃO E LUTA sugere que algumas atitudes de prevenção têm de serem feitas: apoio ético e moral, além de irrestrito a nós professores por parte dos patrões; formação continuada com direito a licença remunerada, além de incentivo financeiro decente por titulação; hora aula decente, com direito a horário de almoço; boas condições de trabalho; dispor de horários para estudo e lazer; participar ativamente da construção do projeto pedagógico da escola; manter a indisciplina dos alunos sobre controle, e para isto ocorrer os patrões não podem tirar a moral do professor perante a comunidade escolar; bem como garantir que direitos fundamentais como FGTS, INSS, salários pagos e outros, não sejam descumpridos por parte dos patrões.
Acreditando que podemos avançar nesta luta, mais uma vez insistimos na necessidade de melhores condições de vida ao professor, bem como e, consequentemente, que nossa saúde esteja equilibrada para que possamos ser esta engrenagem  fundamental na educação. Desta forma estamos lançando esta campanha de saúde com o seguinte mote: “COM A SAÚDE DO PROFESSOR SEMPRE EM RECUPERAÇÃO, A EDUCAÇÃO ESTÁ REPROVADA”.


Por Fábio Emmanuel
Professor de História 
Diretor de comunicação do SINPRO - PE

domingo, 8 de maio de 2011

Engels sobre Balzac: conservador, mas realista!!!

6 de Maio de 2011 - 22h00

O fundador do realismo literário moderno nunca deixou seu monarquismo embotar a descrição da ascensão da burguesia, do poder do dinheiro, e do declínio da aristocracia. Daí seu valor, diz Friedrich Engels numa carta à escritora Margaret Harkness.

Por José Carlos Ruy

Reprodução
   O escritor francês Honoré de Balzac.
Fundador do realismo literário moderno, o escritor francês Honoré de Balzac, sem ser aquilo que se convenciona chamar de romancista histórico, deu à literatura quase uma dimensão histórica- ou, dito de outra forma, deu expressão literária aos fenômenos políticos, sociais, econômicos, de seu tempo. Um tempo em que a burguesia emergia como a força social dominante, lançando os tentáculos do dinheiro e de sua forma de viver não só sobre o proletariado que estava sob seu tacão mas também sobre a velha aristocracia derrotada nas revoluções do final do século 18 e que, mesmo quando conseguiu restaurar parte de seu poder, só pode fazê-lo sob as formas e a lógica tipicamente burguesas.

Mesmo sendo um monarquista e partidário da aristocrqacia, Balzac (cujo aniversário se comemora no dia 20 de maio; ele nascem em 1799 e viveu até 1850) não deixou suas convicções politicas embotarem o realismo com que encarou e descreveu a sociedade de seu tempo.

Esta é a tese defendida por Engels na carta endereçada à escritora socialista inglesa Margaret Harkness. Escrita em 1888, foi um dos textos onde Friedrich Engels manifestou opiniões elogiosas a respeito da obra de Honoré de Balzac.

Harkness foi autora de vários romances publicados no final do século 19 e havia enviado a Engels um exemplar de seu primeiro livro, “City Girl”. O ardor socialista naqueles anos. Mas hoje ela é lembrada principalmente PELOS comentários de Engels a sua literatura.
Na carta que o Vermelho reproduz nesta edição, Engels refere-se ao realismo de Balzac que faz o escritor francês superar suas opiniões reacionárias ao descrever com cores fortes a ascensão dos valores burgueses na sociedade francesa de seu tempo.

Friedrich Engels
Confira a carta enviada por Friedrich Engels a Margaret Harkenss:


Londres, início de abril de 1888

Cara Srta. Margaret Harkness

Agradeço muito por me enviar seu "City Girl", através dos Srs. Vizetelly. Eu o li com o maior prazer e avidez. É, na verdade, como meu amigo Eichhoff seu tradutor diz, kleines Kunstwerk ein ... (uma pequena obra de arte).

Se tenho algo a criticar, seria o fato de que talvez, afinal, o livro não é realista o suficiente. Realismo, em minha opinião, implica, para além da verdade dos detalhes, na reprodução de verdadeiros personagens típicos em circunstâncias típicas. Agora, seus personagens são típicos o suficiente, tanto quanto possível. Mas talvez as circunstâncias que os cercam e os fazem agir talvez não sejam parecidas. Em "City Girl" a classe trabalhadora é retratada como uma massa passiva, incapaz de ajudar a si mesma, não podendo mesmo demonstrar (fazer) qualquer tentativa de esforço nesse sentido.

Todas as tentativas de arrastá-la fora de sua apática miséria vêm de fora, de cima para baixo. Agora, se esta era uma descrição correta por volta de 1800 ou 1810, nos dias de Saint-Simon e Owen Robert, ela não pode aparecer assim em 1887 a um homem que durante quase cinquenta anos teve a honra de participar na maioria das lutas do proletariado militante. A reação de rebeldia da classe trabalhadora contra o meio opressivo que a rodeia, suas tentativas - convulsivas, semi-inconscientes ou conscientes - para recuperar sua condição de seres humanos, pertencem à história e devem reivindicar um lugar no domínio do realismo.

Estou longe de ver como uma falha o fato de você não ter escrito um romance socialista à queima-roupa, uma "tendenzroman" (um romance de tendência), como dizemos em alemão, glorificando o ponto de vista social e político do autor. Não é isso que quero dizer. Quanto mais as opiniões do autor permanecerem ocultas, melhor para a obra de arte. O realismo a que me refino revela-se a despeito das opiniões do autor. Deixe-me referir, por exemplo, a Balzac, a quem considero um mestre do realismo ainda maior do todos os Zolas do passado, presente e futuro. Em A Comédia Humana Balzac nos dá uma história maravilhosamente realista da "sociedade" francesa, especialmente do monde parisien (ao mundo social parisiense), descrevendo, na forma de crônica, quase ano a ano de 1816-1848 a ascensão progressiva da burguesia sobre a sociedade de nobres, que reconstituiu após 1815 e estabeleceu outra vez, na medida em que pode, o padrão da viellie politesse française (o refinamento francês).

Ele descreve como os últimos remanescentes deste mundo, que encarava como uma sociedade modelo, sucumbiram gradualmente ante a invasão dos vulgares arrivistas endinheirados, ou foram corrompidos por eles, como a grande dama cujas infidelidades conjugais não passavam de uma maneira de se acomodar com o modo como ela foi preparada em seu casamento, cedeu lugar à burguesia, e chifrava o marido por dinheiro ou cashmere. Em torno desta figura central Balzac agrupou uma história completa da sociedade francesa na qual, mesmo em pormenores econômicos (por exemplo, o rearranjo de bens móveis e imóveis após a Revolução), aprendi mais do que de todos os historiadores professos, economistas e estatísticos do período juntos.

Bem, Balzac era politicamente um legitimista; sua grande obra é uma elegia constante sobre a decadência inevitável da boa sociedade; suas simpatias são todas para a classe condenada à extinção. É por tudo isso que sua sátira nunca é aguçada, sua ironia nunca é amarga, mesmo quando ele põe em movimento os próprios homens e mulheres com quem simpatiza mais profundamente - os nobres. E os únicos homens de quem ele sempre fala com indisfarçável admiração, são os seus mais ferrenhos adversários políticos, os heróis republicanos do Cloître Saint-Méry, os homens, que na época (1830-6) foram de fato os representantes das massas populares. Que Balzac tenha sido obrigado a ir contra suas próprias simpatias de classe e preconceitos políticos, que tenha visto a necessidade da queda dos seus nobres favoritos, e que os tenha descrito como pessoas que não mereciam melhor sorte; e que tenha visto os verdadeiros homens do futuro no púnico lugar onde então eles só podiam ser encontrados – isto é o que considero um dos maiores triunfos do realismo, e uma das maiores características do velho Balzac.

Devo admitir, em sua defesa, que em nenhum lugar do mundo civilizado são os trabalhadores menos ativamente resistentes, mais passivamente submissos ao destino, mais hébétés (confusos) do que no East End de Londres. E como posso saber se você não tem boas razões para, contentando-se com uma imagem inicial da passividade da vida da classe trabalhadora, não tenha reservado o lado ativo para um outro trabalho?

Friedrich Engels
 
Karl Marx e Balzac

O conto “A obra-prima ignorada” é tido como um dos escritos de Balzac preferidos por Karl Marx e descreve a angústia do artista (e, por extensão, do cientista) na busca da perfeição.

O Vermelho publica aqui a parte final do conto, intitulada ]’Catarina Lescault”:

A obra-prima ignorada

II - Catarina Lescault

Três meses depois do encontro de Poussin e Porbus, este foi visitar mestre Frenhofer. O ancião estava então sujeito a um desses desânimos profundos e espontâneos cuja causa, se devemos dar créditos aos matemáticos da medicina, reside numa má digestão, no vento, no calor, ou em alguma inchação dos hipocôndrios; e, segundo os espiritualistas, na imperfeição da nossa natureza moral. O velhote pura e simplesmente se cansara em dar a última demão no seu misterioso quadro. Estava preguiçosamente sentado numa vasta poltrona de carvalho esculpido, forrada de couro preto; e, sem sair de sua atitude melancólica, dirigiu a Porbus o olhar de um homem que se instalara no seu tédio.

— E então, mestre — perguntou-lhe Porbus —, o ultramar que foi buscar em Bruges não era bom? Será que não soube misturar nosso novo branco? Seu óleo era ruim ou os pincéis eram teimosos?

— Ai de mim! — exclamou o ancião — durante um momento acreditei que minha obra estivesse concluída; mas com certeza me enganei nalguns detalhes e não sossegarei enquanto não dissipar minhas dúvidas. Estou decidido a viajar e vou à Turquia, à Grécia, à Ásia para procurar por lá um modelo e comparar meu quadro com alguns nus... É possível que eu tenha lá em cima — continuou, esboçando um sorriso de satisfação — a própria natureza. Por vezes, quase tenho medo de que um sopro desperte aquela mulher e que ela desapareça.

Depois, ergueu-se de repente, como para partir.

— Oh! oh! — respondeu Porbus — chego a tempo para poupar-lhe as despesas e as fadigas da viagem.

— Como assim? — perguntou Frenhofer, admirado.

— O jovem Poussin é amado por uma mulher cuja incomparável beleza não tem a menor imperfeição. Mas, meu caro mestre, se ele consente em emprestar-lha, será preciso pelo menos que nos deixe ver sua tela.

O ancião permaneceu de pé, imóvel, num estado de perfeita estupidez.

— Como! — exclamou ele, por fim, dolorosamente — mostrar minha criatura, minha esposa? Rasgar o véu sob o qual casta-mente encobri minha felicidade? Mas isso seria uma horrível prostituição! Faz dez anos que vivo com essa mulher, ela é minha, só minha, ela me ama. Não me sorriu a cada pincelada que lhe dei? Ela tem uma alma, a alma com que a dotei. Ela coraria se outros olhos que não os meus a fixassem. Mostrá-la! mas qual é o marido, o amante suficientemente vil para levar sua mulher à desonra? Quando fazes ora quadro para a Corte, não pões nele toda a tua alma, não vendes aos cortesãos mais do que manequins coloridos. Minha pintura não é uma pintura, é um sentimento, uma paixão! Nascida na minha oficina, ela aí deve permanecer virgem e não pode sair senão vestida. A poesia e as mulheres só se entregam nuas aos seus amantes! Possuímos nós o modelo de Rafael, a Angélica de Ariosto, a Beatriz do Dante? Não! não lhes vemos senão as formas. Pois bem, a obra que tenho lá em cima trancada a ferrolho é uma exceção na nossa arte. Não é uma tela, é uma mulher! uma mulher com a qual choro, rio, converso, penso. Queres que repentinamente eu abandone uma felicidade de dez anos como se atira uma capa; que repentinamente eu deixe de ser pai, amante e deus? Essa mulher não e uma criatura, é uma criação. Que venha o teu rapaz, eu lhe darei meus tesouros, quadros de Correggio, de Michelangelo, de Ticiano, beijarei as pegadas de seus passos na poeira; mas fazer dele meu rival? opróbrio sobre mim! Ah! ah! sou mais amante ainda do que pintor. Sim, terei forças para queimar a minha Belle Noiseuse ao dar o último suspiro; mas fazê-la suportar o olhar de um homem, de um rapaz, de um pintor? não, não! Mataria no dia seguinte aquele que a tivesse poluído com um olhar! Eu te mataria agora mesmo, a ti, que és meu amigo, se não a saudasses de joelhos! Queres agora que eu submeta meu ídolo às frias miradas e às críticas estúpidas dos imbecis? Ah! o amor é um mistério que só tem vida no fundo dos corações, e tudo está perdido quando um homem diz, mesmo ao seu amigo: “Aí está a mulher que amo!”

O ancião parecia ter remoçado; seus olhos tinham brilho e tinham vida; suas faces pálidas estavam matizadas de um vermelho vivo e suas mãos tremiam. Porbus, espantado com a violência apaixonada com que aquelas palavras foram proferidas, não sabia o que responder a um sentimento tão novo como profundo. Frenhofer estava no uso da razão ou louco? Estaria ele subjugado por uma fantasia de artista, ou as idéias que ele exprimira procederiam desse singular fanatismo que se produz em nós pela criação laboriosa de uma grande obra? Poder-se-ia esperar transigir um dia com aquela paixão estranha?

Empolgado por todos esses pensamentos, Porbus disse ao ancião:

— Mas não é uma mulher por outra mulher? Não entrega Poussin sua amante aos olhares do senhor?

— Que amante? — respondeu Frenhofer. — Cedo ou tarde ela o trairá. A minha me será sempre fiel!

— Pois bem — disse Porbus —, não falemos mais nisso. Mas, antes do senhor achar, mesmo na Ásia, uma mulher tão bela, tão perfeita como esta de que lhe falo, morrerá talvez sem ter concluí-do seu quadro.

— Oh! ele está acabado — disse Frenhofer. — Quem o visse, julgaria estar vendo uma mulher deitada num leito de veludo, ve-lada por cortinas. Junto a ela uma tripeça de ouro exala perfumes. Ficarias tentado a agarrar as borlas dos cordões que retêm as cortinas, e te pareceria ver o seio de Catarina Lescault, uma bela cortesã chamada Belle Noiseuse, mover-se com a respiração. Entretanto, eu quisera ter certeza...

— Vá pois para a Ásia — respondeu Porbus, ao perceber uma certa hesitação no olhar de Frenhofer.

E Porbus deu alguns passos em direção à porta da sala.

Nesse momento, Gillette e Nicolas Poussin tinham chegado junto à residência de Frenhofer. Quando a moça estava a ponto de en-trar, soltou o braço do pintor e recuou como se a tivesse invadido algum súbito pressentimento.

— Mas, afinal, que venho eu fazer aqui? — perguntou ao amante com um som de voz profundo e olhando-o fixamente.

— Gillette, deixei-te senhora de tua vontade e quero obedecer-te em tudo. Tu és minha consciência e minha glória. Volta para ca-sa; eu serei mais feliz, talvez, do que se tu...

— Pertenço-me, acaso, quando me falas assim? Oh! não, não sou senão uma criança... Vamos acrescentou, parecendo fazer um esforço violento —, se nosso amor morrer e se puser no meu coração um infindável arrependimento, não será tua celebridade o preço da minha obediência aos teus desejos? Entremos, será ainda viver o estar sempre como uma recordação na tua paleta.

Ao abrirem a porta da casa, os dois amantes se encontraram com Porbus, o qual, surpreendido pela beleza de Gillette, cujos olhos estavam naquele momento rasos de lágrimas, segurou-a toda trê-mula e, levando-a ante o ancião, disse-lhe:

— Veja, não vale ela todas as obras-primas do mundo?

Frenhofer estremeceu. Gillette ali estava, na atitude ingênua e simples de uma jovem georgiana inocente e medrosa, raptada por bandidos e apresentada a algum mercador de escravos. Um pudico rubor corava seu rosto; ela baixava os olhos; as mãos pendiam aos lados, as forças pareciam abandoná-la, e lágrimas protestavam contra a violência feita ao seu pudor. Nesse momento, Poussin, desesperado por ter tirado do sótão aquele belo tesouro, amaldiçoou-se a si próprio. Tornou-se mais amante do que artista, e mil escrúpulos torturaram-lhe o coração quando viu os olhos rejuvenescidos do ancião, o qual, por um hábito de pintor, despiu, por assim dizer, aquela moça, adivinhando-lhe as formas mais secretas. Retornou então ao feroz ciúme do verdadeiro amor.

— Partamos, Gillette! — bradou.

Ante aquele rasgo, a amante, alegre, ergueu os olhos para ele, viu-o, e correu para seus braços.

— Ah! então tu me amas! — respondeu, desatando a chorar.

Depois de ter tido a energia de fazer calar seu sofrimento, ela não tinha forças para ocultar sua felicidade.

— Oh! deixe-ma por um momento — disse o velho pintor — e poderás compará-la com a minha Catarina... Sim, consinto.

No grito de Frenhofer ainda havia amor. Parecia ter faceirice para com seu simulacro de mulher e gozar de antemão o triunfo que a beleza de sua criação ia conseguir sobre a de uma verdadeira moça.

— Não o deixe desdizer-se — exclamou Porbus, batendo no ombro de Poussin. — Os frutos do amor passam depressa, os da arte são imortais.

— Para ele — respondeu Gillette, olhando Poussin e Porbus atentamente — eu não serei então mais do que uma mulher?

Ergueu a cabeça com altivez; mas, quando, depois de dirigir um olhar cintilante a Frenhofer, ela viu seu amante entretido a con-templar outra vez o retrato que anteriormente ele tomara por um Giorgione:

— Ah! — disse ela — subamos! Ele nunca me olhou assim.

— Ancião — disse Poussin, arrancando à sua meditação pela voz de Gillette —, olha esta espada, eu a mergulharei no teu cora-ção à primeira palavra de queixa que proferir esta moça, atearei fogo a tua casa, e ninguém sairá dela. Compreendes?

Nicolas Poussin estava sombrio e seu falar foi terrível. Essa ati-tude e sobretudo o gesto do jovem pintor consolaram Gillette, que quase o perdoou por sacrificá-la à pintura e ao seu glorioso futuro. Porbus e Poussin ficaram na porta do ateliê, olhando em silêncio um para o outro. Se, a princípio, o pintor de Maria Egipcíaca se permitiu algumas exclamações: “Ah! ela se está despindo, ele manda-a colocar-se em boa luz! Compara-a!”, pronto calou-se ante o aspecto de Poussin, cujo semblante estava profundamente triste; e, conquanto os velhos pintores não tenham mais escrúpulos desses, tão mesquinhos diante da arte, ele admirou-os, de tal forma eram ingênuos e bonitos. O rapaz estava com a mão no punho da espada e com o ouvido quase colado à porta. Ambos, na sombra e de pé, assemelhavam-se assim a dois conspiradores à espera da hora de apunhalar um tirano.

— Entrem, entrem! — disse o ancião, radiante de felicidade. Minha obra está perfeita, e agora posso mostrá-la com orgulho.

Jamais pintor, pincéis, tintas, tela e luz farão uma rival a Catarina Lescault, a bela cortesã!

Possuídos de viva curiosidade, Porbus e Poussin correram para o centro de uma vasta oficina coberta de pó, onde tudo estava em desordem, onde viram aqui e ali quadros pendurados nas paredes. Detiveram-se primeiro diante de uma figura de mulher de tamanho natural, seminua, que os encheu de admiração.

— Oh! não se ocupem com isso — disse Frenhofer —, é uma tela que borrei para estudar uma pose; esse quadro não vale nada. Aí estão meus erros — continuou, mostrando-lhes encantadoras composições penduradas às paredes, à roda deles.
Ante essas palavras, Porbus e Poussin, estupefatos com aquele desdém por tais obras, procuraram o retrato anunciado, sem conseguir vê-lo.

— Pois bem, aí está ele! — disse-lhes o ancião, cujos cabelos es-tavam em desordem, cujo rosto estava injetado por uma exaltação sobrenatural, cujos olhos cintilavam, e que ofegava como um rapaz ébrio de amor. - Ah! ah! - exclamou - não esperavam tanta perfeição! Estão diante de uma mulher e procuram um quadro. Há tanta profundidade nessa tela, o ar é nela tão real que não podem mais distingui-lo do ar que nos cerca. Onde está a arte? perdida, desaparecida! Eis as formas verdadeiras de uma rapariga. Não lhe dei bem o colorido, a precisão das linhas que parecem terminar o corpo? Não é o mesmo fenômeno que nos apresentam os objetos que estão na atmosfera como os peixes na água? Admirem como os contornos se destacam do fundo! Não lhes parece que podem passar as mãos nesse dorso? Também, durante sete anos, estudei os efeitos da conjunção da luz e dos objetos. E esses cabelos, não os inunda a luz?... Mas, creio, ela respirou!... Vejam, esse seio! Ah! quem não o quereria adorar de joelhos? As carnes palpitam. Ela vai erguer-se, esperem!

— Está vendo alguma coisa? — perguntou Poussin a Porbus.

— Não. E você?

— Nada.

Os dois pintores deixaram o velho entregue a seu êxtase, olha-ram para ver se a luz, ao cair a prumo sobre a tela que ele lhes estava mostrando, não neutralizava todos os seus efeitos. Examinaram então a pintura colocando-se à direita, à esquerda, de frente, abaixando-se e levantando-se alternativamente.

— Sim, sim, é mesmo uma tela — dizia-lhes Frenhofer, en-ganando-se com a finalidade daquele exame escrupuloso. — Olhem, aqui está a moldura, o cavalete, enfim, aqui estão minhas tintas, meus pincéis.

E apoderou-se de um pincel, que lhes apresentou num gesto ingênuo.

— O velho lansquenete está divertindo-se à nossa custa — disse Poussin, voltando para diante do pretenso quadro. — Não vejo ali senão cores confusamente amontoadas e contidas por uma porção de linhas esquisitas que formam uma muralha de pintura...

— Nós nos enganamos, veja! — respondeu Porbus.

Aproximando-se, perceberam num canto da tela a ponta de um pé nu que saía daquele caos de cores, de tons, de matizes in-decisos, espécie de bruma sem forma; mas um pé delicioso, um pé com vida! Ficaram petrificados de admiração diante daquele fragmento escapo a uma incrível, a uma lenta e progressiva destruição. Aquele pé aparecia ali como um torso de alguma Vênus de mármore de Paros que surgisse de entre os escombros de uma cidade incendiada.

— Há uma mulher por baixo disso! — exclamou Porbus, fazendo Poussin notar as camadas de tinta que o velho pintor superpusera sucessivamente ao julgar que aperfeiçoava sua pintura.

Os dois artistas viraram-se espontaneamente para Frenhofer, começando a compreender, porém de modo vago, o êxtase no qual ele vivia.

— Ele está de boa-fé — disse Porbus.

— Sim, meu amigo — respondeu o ancião, despertando —, na arte é preciso fé, fé, e viver muito tempo com a própria obra para produzir semelhante criação. Algumas dessas sombras custaram-me muito trabalho. Olhe sobre a face, ali, abaixo dos olhos, há uma leve penumbra que, se a observarem na natureza, parecer-lhes-á quase intraduzível. Pois bem, julgam vocês que esse efeito não me custou trabalhos inauditos para reproduzi-lo? Mas também, meu caro Porbus, olha atentamente para o meu trabalho e compreenderás melhor o que eu te dizia sobre o modo de tratar o modelado e os contornos. Olha a luz do seio e vê como, por uma série de retoques e de realces fortemente empastados, consegui agarrar a verdadeira luz e combiná-la com a alvura lustrosa dos tons iluminados; e, como por um trabalho oposto, apagando as saliências e o grão da pasta, pude, à força de amaciar o contorno da minha figura, mergulhada nos semitons, suprimir até a idéia de desenho e de meios artificiais, e dar-lhe o aspecto e o próprio ondulado da natureza. Aproximem-se e verão melhor esse trabalho. De longe, ele desaparece. Vejam! ali, creio, ele é bem visível.

E com a ponta do pincel designava aos dois pintores um bloco de cor clara.

Porbus bateu no ombro do ancião, virando-se para Poussin:

— Sabe que vemos nele um bem grande pintor? — disse.

— Ele é ainda mais poeta do que pintor — respondeu Poussin gravemente.

— Aqui — prosseguiu Porbus, tocando a tela — acaba a nossa arte sobre a terra.

— E, daí, vai perder-se no céu — disse Poussin.

— Quanto gozo nesse pedaço de tela! — exclamou Porbus.

O ancião, absorto, não os ouvia e sorria àquela mulher ima-ginária.

— Mas cedo ou tarde ele se aperceberá de que não há nada na sua tela! — exclamou Poussin.

— Nada na minha tela! — disse Frenhofer, olhando alterna-tivamente os dois pintores e seu pretenso quadro.

— Que fez você! — disse Porbus em voz baixa a Poussin.

O velho segurou com força o braço do rapaz e disse-lhe:

— Nada vês, labrego! tratante! patife! desavergonhado! Para que, pois, subiste aqui? Meu bom Porbus — disse ele virando-se para o pintor —, será que você também se está divertindo à minha custa? Responda! sou seu amigo, diga, teria eu estragado meu quadro?

Porbus, indeciso, não se atreveu a falar; mas a ansiedade pin-tada na fisionomia lívida do ancião era tão cruel que ele apontou para a tela, dizendo:

— Veja!

Frenhofer contemplou seu quadro um instante e cambaleou.

— Nada! nada! E ter trabalhado dez anos!

Sentou-se e chorou.

— Sou pois um imbecil, um louco! não tenho nem talento nem capacidade! Não sou senão um homem rico que, ao caminhar, nada mais faz do que caminhar! Não terei, pois, produzido nada!

Contemplou a tela através de suas lágrimas, ergueu-se subita-mente com orgulho e lançou aos dois pintores um olhar fulgurante:

— Pelo sangue, pelo corpo, pela cabeça de Cristo! vocês são uns invejosos que me querem fazer crer que ela está estragada, para ma roubarem! Eu vejo-a! — gritou — ela é maravilhosamente bela...

Naquele momento Poussin ouviu o pranto de Gillette, esquecida num canto.

— Que tens, meu anjo? — perguntou-lhe o pintor, voltando a ser um apaixonado.

— Mata-me! — disse ela. — Eu seria uma infame se te amasse ainda, porque te desprezo... Admiro-te, e me causas horror! Amo-te, e creio que já te odeio!

Enquanto Poussin ouvia Gillette, Frenhofer cobria sua Catarina com uma sarja verde, com a séria tranqüilidade de um joalheiro que fechasse suas gavetas ao julgar-se na companhia de hábeis ladrões. Dirigiu aos dois pintores um olhar profundamente dissimulado, repleto de desprezo e de desconfiança, pô-los silenciosamente fora de sua oficina, com uma presteza convulsiva; depois, à porta de sua casa disse-lhes:

— Adeus, meus amiguinhos.

Esse adeus gelou os dois pintores. No dia seguinte, Porbus, in-quieto, voltou para ver Frenhofer e soube que ele morrera a noite, depois de ter queimado suas telas.
 

Paris, fevereiro de 1832

De Honoré de Balzac, A Comédia Humana. São Paulo: Globo, 1992.



FONTE SITE VERMELHO!!!

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Código Florestal será votado hoje; confira a íntegra do relatório!!!!!

O Plenário aprovou nesta terça-feira, por 399 votos a 18 e 1 abstenção, o regime de urgência para o Projeto de Lei 1876/99, que cria um novo Código Florestal. A votação da matéria está prevista para esta quarta-feira (4). Apenas o PV e o PSOL votaram contra a urgência.

Após reunião no Palácio do Planalto com o ministro da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, Luiz Sérgio, o líder do governo, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), disse que o relator da proposta, deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), aceitou mudanças pedidas pelo governo, à exceção da reserva legal para as pequenas propriedades.

O relator quer que a reserva leve em consideração a parte da propriedade excedente a quatro módulos fiscais. O governo quer que essa exceção valha apenas para a agricultura familiar.

Durante a tarde, houve também reunião da bancada do PT com os ministros Izabella Teixeira (Meio Ambiente), Afonso Florence (Desenvolvimento Agrário) e Wagner Rossi (Agricultura). O encontro culminou com a decisão do PT de apoiar o pedido de urgência para a proposta, diante do compromisso do relator de acolher as sugestões de alteração feitas pelo governo.

Maior bancada da Câmara, o PT vinha contestando alguns pontos do relatório e chegou a ameaçar obstruir a votação se não houvesse acordo.

Interesse social
Outro aspecto que o governo quer mudar no texto é a possibilidade de autorização para desmatar áreas de preservação permanente (APPs) para fins de interesse social, já que a produção de alimentos pela pecuária extensiva ou por monoculturas poderia ser considerada de interesse social.

Mata ciliar
Nesta segunda-feira, Rebelo já havia aceitado manter a proteção das margens dos rios (matas ciliares) em 30 metros para os rios menores (até 5 metros de largura). O primeiro substitutivo pretendia reduzir essa proteção de mata para 15 metros.

Um acordo permitiu que, apenas no caso de APPs já devastadas às margens de rios de até 10 metros, o agricultor ou morador da área seja obrigado a reconstituir a mata ciliar pela metade, ou seja, 15 metros. Nos demais casos, a área deve ser mantida integralmente. Para Rebelo, isso trará prejuízos à agricultura.

Dever cumprido
Antes da votação do requerimento, o relator Aldo Rebelo agradeceu à confiança depositada em sua relatoria. “Procurei muito modestamente cumprir meu dever em nome da Câmara dos Deputados e em nome do povo brasileiro”, afirmou.


Fonte: Agência Câmara

Redes sociais 'anteciparam' notícia sobre morte de Bin Laden!!!

Mensagens de texto e ferramentas como o Twitter ajudaram a disseminar notícia antes mesmo de redes de TV americanas anunciarem

The New York Times | 04/05/2011 08:02

Quando a Casa Branca anunciou abruptamente um discurso à nação do presidente Barack Obama na noite de domingo, os âncoras da CNN passaram grande parte da hora que o antecedeu falando sobre o assunto sem dizer do que realmente se tratava.
"Eu tenho meus próprios instintos sobre o que pode ser", disse o âncora da CNN Wolf Blitzer algumas vezes, acrescentando que um oficial de alto escalão da Casa Branca o tinha agradecido por demonstrar "moderação" e não especular.
Graças ao Twitter e ao Facebook, alguns observadores da CNN já tinham ouvido a notícia. Informações não confirmadas – que acabaram por ser verdade – sobre a morte de Osama Bin Laden circularam amplamente na mídia social por cerca de 20 minutos antes dos âncoras da televisão e grandes redes a cabo relatarem sobre o ataque às 22h45 (horário local), cerca de uma hora antes do discurso de Obama.

FONTE SITE IG!!!!

Falar vários idiomas pode deixar você com várias personalidade


Thiago Perin 4 de maio de 2011
Espera aí, é isso mesmo? É sério que a nossa personalidade muda dependendo de qual língua estamos falando? Um estudo chinês sugere que sim.
Psicólogos da Universidade de Hong Kong observaram que estudantes chineses fluentes em inglês se tornavam visivelmente “mais assertivos, extrovertidos e abertos a novas experiências” (características, segundo eles, culturalmente mais próximas de quem cresceu em países que falam inglês) quando estavam usando o segundo idioma.
O efeito foi ainda maior dependendo de com quem os estudantes chineses estavam conversando. Se eles falavam inglês com uma pessoa estrangeira, a “nova personalidade” ficava ainda mais proeminente.
Para os pesquisadores, isso sugere um link claro entre linguagem e personalidade. Eles explicam: o poder, é claro, não está na língua em si, e sim na ideia que as pessoas (no caso, os estudantes chineses) têm de quem a fala. Ou seja: se eles consideram os falantes de inglês mais extrovertidos, ajustam suas personalidades de acordo na hora de usar o idioma.

FONTE  SITE DA REVISTA SUPER INTERSSANTE !!!!