quarta-feira, 7 de julho de 2010

ENSINO A DISTÂNCIA X QUALIDADE DE ENSINO

Há muito tempo que a educação é tema de debate nas academias e na sociedade de uma forma geral. Polemiza – se, se é inclusiva, se tem acesso a todos de forma homogênea a luz de nossa constituição federal ou até mesmo de qualidade comprovada. Verdade é que a educação vem sofrendo modificações à cerca das inovações tecnológicas, iniciada no século XX e que está a “todo vapor” desde o início do século XXI. De certo, sabemos que toda sociedade passa por este processo e se faz necessário as adequações pertinentes as condições impostas, e a relação de ensino e aprendizagem, ganham nuances particulares que transformam a educação, como já disse Vygotsky, ao afirmar que “as pessoas são seres sociais, relacionais e que produzem história, e tudo isto é possível a partir de interações”.

Como já foi mencionado, há novas situações para a educação, principalmente através do desenvolvimento tecnológico no mundo. Desta forma a educação passa a ganhar novas modalidades em função desta tecnologia, mesmo sabendo que a forma de educação presencial é muito forte culturalmente, o que acaba por dificultar outras formas educacionais com os ensinos à distância, inclusive a EAD. Os paradigmas a serem quebrados são muitos e a tradição da educação presencial na relação aluno/professor que para muitos determina o relacionamento como condição essencial na formação do indivíduo e da sociedade em geral é vista como entrave cultural para a afirmação do ensino a distância. De certo debater os prós e contras da EAD e preponderante, pois hoje é inevitável ignorar a sua existência, o que deve – se levar em consideração são limites para seu uso, o que passa necessariamente pela qualidade de ensino, acessibilidade e permanência, ou seja, a universalidade do sistema educacional.

Quando paramos para analisar o ensino a distância lembramos logo das EAD, mais ao mesmo tempo esquecemos que a modalidade de ensino a distância é antiga e de formas variadas. Antes de tudo, devemos entender que ensino a distância segundo o decreto lei nº 5.622 de 19/12/2005 – “é a modalidade educacional na qual a mediação didático – pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem, ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempo diversos”. De fato é mais uma modalidade de educação. Mais os modelos de educação a distância vão além do que define este decreto lei sobre as EAD. No século XVIII nos Estados Unidos da América já se praticava o ensino a distância, que era através de correspondência, que aqui no Brasil ganhou força nos anos 70 e 80 do século XX. Outras modalidades de ensino que ocorriam no século passado no Brasil, utilizavam a televisão e os rádios. Exemplos de educação à distância com o uso de TVs e rádios são: TV escola da fundação Roquete Pinto do MEC; e a TV educativa da Fundação Padre Anchieta de São Paulo; além do canal futura das Organizações Globo. O que acontece é que estas modalidades educacionais serviram de transição e ainda servem para a modalidade de tecnológica da EAD.

O uso da internet como forma tecnológica na educação cresce a cada dia e adaptação a esta nova situação, passa por uma necessidade evidente de capacitação profissional para desempenho satisfatório. Mais é preciso ter consciência de que existem limitações, mais também possíveis vantagens nesta tecnologia da informação nas EAD. Vários estudiosos no asunto como Niskier, Nunes e Veiga, acreditam que a maior crítica feita as EAD, são a falta de interação aluno/professor, mais para eles isto pode ser superado sem causar dificuldades na relação ensino/aprendizagem. Em primeiro lugar, deve – se entender que o mundo virtual na verdade é real. O uso de blogs, chats, orkuts e email justificam esta afirmação, pois as idéias e os debates são sempre reais e independe se são presenciais ou não. A relação aluno/professor, mesmo que a distância produz interação e relacionamento. A qualidade de debate educacional e seus recursos tecnológicos redefinem esta relação. Esta nova modalidade, para que funcione, precisa – se que ocorram algumas mudanças nos papéis dos educadores. Neste novo panorama, acabaram por definir os papéis do universo educacional das EAD: ao professor cabe desenvolver os conteúdos; o do tutor é provocar e orientar os alunos; a do mentor é manter a regulação nas ações dos tutores. Como pode – se observar a interação destes 3 agentes educacionais é de fundamental importância para que esta modalidade de ensino, que na Europa já está consolidada, funcione com qualidade. Em contra – partida, o ensino a distância enfrentam barreiras que dificultam sua consolidação. Duas delas são essenciais: em primeiro lugar, o Brasil tem um grande problema de acessibilidade ao dito mundo virtual, já que as formas utilizadas que são educação on – line, que é uma modalidade de educação a distância via internet através de emails, fóruns de discussão... não está a disposição das massas populares e sua tecnologia de conexão rápida é muito aquém do desejado e a E- Learning que é também via internet, mais a partir de uso de cd rom, vídeos e teleconferências, tem sua limitação de acesso a sociedade em função das poucas instituições qualificadas e no caso das instituições de ensino superior privada tem seus preço muito acima do suportável economicamente. De fato estas modalidades atendem a uma pequena parcela da sociedade e nota – se que a busca de inclusão virtual e tecnológica na educação. Desta forma vários programas estão sendo desenvolvidos pelo governo federal, com destaque para o PROINFO – PROGRAMA NACIONAL DE INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO – onde quase metade de seus recursos são destinados a formação de professores nesta área, além de buscar também criar centros de inclusão digital.

De fato, não se pode negar a importância da tecnologia na educação e de novas modalidades educacionais a distância. Ainda necessita – se muito de debate à cerca das condições ideais das EAD. Temos que lembrar também que a partir desta realidade de existência das EAD, o debate deve girar em torno da qualidade de ensino, regulação e avaliação periódica e consistente das instituições de ensino a distância e também das presenciais. Temos que entender que estas instituições preencheriam um espaço deixado pelas presenciais, no tocante a acessibilidade, como por exemplo, pequenas cidades do interior brasileiro que por ventura a sociedade não tenha acesso a modalidade presencial. Mais em contra – partida, nem todos os curso superiores podem ser nesta modalidade, como por exemplo medicina, e também que exista a necessidade da modalidade presencial ser a prioritária. Outro problema a cerca da EAD está na relação de trabalho. O que vem ocorrendo nestas instituições, é que a nova função criada de tutor, não é preparada de forma correta e muitas vezes não é desempenhada pelo professor, acredito que a função de tutor seja sim, realizada por um professor devidamente qualificado, para que se possa garantir a qualidade na relação a distância, principalmente no quesito orientação. De certo, isto terá um desdobramento nas relações trabalhistas e na regulamentação desta nova profissão surgida no seio do debate do ensino a distância. Acredito que esta nova modalidade de ensino por já existir, não se pode negar, o que deve – se fazer é criar critérios onde a qualidade de ensino, acessibilidade, permanência e incentivo ao ensino, pesquisa e extensão prevaleçam e se fortaleçam e que a modalidade de ensino presencial prevaleça principalmente para a formação de professores e que a modalidade EAD, supra as limitações do ensino presencial.

Dicas de Leitura!!!!

Segue abaixo, dicas de leituras agradáveis sempre usando temáticas de história, política, sociedade, cultura e áreas afins.

As duas Argentinas de Emanuel da Veiga, Série Princípios, Ed. Ática, trata de uma Argentina pouco abordada nos meios acadêmicos e políticos. Uma Argentina que no final do séc. XVIII, assumia um posto importante entre as nações da América Latina. Isto ocorrido em função da crise da mineração e do avanço do liberalismo a partir de uma dura luta interna que faz surgir enfim uma nova Argentina.

Manuscritos Econômicos - Filosóficos de Karl Marx - Ed. Martin Claret. Grande pensador e filósofo de ideais revolucionários, Marx foi autor de clássicos que são lidos e discutidos até hoje. dentre estes: O Capital. O livro aqui indicado - Manuscritos econômicos - filosóficos - é uma clássico da literatura política e econômica, em sua maioria foi escrito por Marx na sua juventude, abordando temas bastante polêmicos como a religião na Alemanha, observado neste trecho de sua obra em questão: " ...o homem faz a religião; a religião não faz o homem. Relata assim, a dependência emocional que o homem tem em relação a religião, principalmente na Alemanha. Também trabalha neste livro com duras críticas ao domínio do capital sobre o trabalho, o acumulo de capitais, concorrências entre capitalistas, a propriedade privada, entre outros.

A Era das Revoluções (1789 - 1848 ) de Eric J. Hobsbawn, Ed. Paz e Terra, é um dos clássicos escritos por Hobsbawn. Este livro faz parte de sua coletânea ( Era do Capital, Era dos Impérios e Era dos Extremos ). Era das Revoluções, aborda duas grandes revoluções na história da humanidade: Revolução Francesa e Industrial que transformaram o mundo para sempre. Uma de cunho ideológico que abriu caminho para uma nova análise da filosofia, religião, as artes... e a outra fortaleceu e consolidou um sistema que perdura até hoje, que é o capitalismo. Assim, determina suas análises no surgimento do poderio dos países capitalistas.

Professor: profissão explorada!!!!

O século XXI surgiu causando dúvidas a cerca dos rumos que o mundo está tomando. Suas macro – estruturas ( economia, política, cultura e sociedade) passam por contradições, em função das incertezas e dicotomias do “homem”, que vive em sociedade, mais por causa do capital individualiza e acirra a busca por postos de trabalho. Neste mundo globalizado e de intensa velocidade de produção tecnológica, ocasiona uma conseqüente exploração dos trabalhadores em especial – os professores - que passam por salários medíocres e descumprimentos dos direitos trabalhistas por parte do patronato. No universo da educação as complicações deste mundo capitalista e tecnológico aumentam, pois a visão é mercadológica, passando pela desvalorização do professor e uma conseqüente má formação de agentes sociais que acabam por proporcionar uma sociedade excludente e sem valores morais.

A exploração desenfreada que sofre o professor, vem ocasionando sérios problemas em diversas situações que passam pelos descumprimentos da CLT e das CCT’S. Mais este tipo de opressão do patrão em busca da mas valia não discorre só pelo descumprimentos já citados, mais também pelo assédio – moral no trabalho a partir do abuso de poder do patrão. Este quadro piora, no momento em que a sociedade deposita no professor a solução e a responsabilidade única de educar os jovens brasileiros. Toda esta pressão traz conseqüências sérias na saúde do professor que vai desde problemas psicológicos ao desenvolvimento de doenças sérias como a hipertensão e os problemas cardíacos, passando pelo “stress”. Toda esta situação nos faz refletir sobre a situação deste profissional da educação, suscitando vários debates para se chegar a conclusões e soluções para melhorar a vida sócio – profissional do professor.