quarta-feira, 9 de março de 2011

E o preconceito existe!!!!

09 de março 22:00 hrs -


    
Há alguns dias atrás, mais um ato de violência foi registrado em Recife. Desta feita uma professora foi assassinada em ditos rituais macabros num centro de candomblé. Falar da violência é algo que não temos como fugir, pois o crime foi bárbaro e as pessoas que realizaram, inclusive o esposo da vítima, vão ter de pagar pelo crime cometido. O que quero debater e ao mesmo tempo me preocupa é a violência racial e cultural que vem sendo desferida às religiões de matrizes africanas.
       O Brasil é um país livre onde está garantida a liberdade de culto e religião, como bem está descrito na nossa constituição. Artigo 5º da Constituição Federal VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias. O que por ventura acontece é uma violência aos cultos africanos realizadas por outras religiões, principalmente as ditas evangélicas (Universal,  Renascer...) e a igreja católica. Isto é passado a seus adeptos confirmando o preconceito racial evidenciado desde os períodos da escravidão, onde o negro era tratado como sendo um ser sem alma pela igreja católica, apenas para justificar a escravidão. Agora, se não bastasse, percebemos este racismo também na mídia. Preocupa, pois a mídia forma opinião rapidamente. Atribuir ao candomblé o dito ritual de magia negra sem fazer distinção e nem ao menos terem a preocupação que estas ações não condizem com as religiões de matrizes africanas, chega a ser um absurdo. Como sabemos existem boas e más pessoas em qualquer lugar e em todas as religiões. Com certeza já ouvimos falar de pastores ou padres envolvidos em todo tipo de violência e nem por isso podemos julgar a religião e seus seguidores – pelo menos é assim que diz um dos mandamentos “Não Julgais o próximo” - a própria igreja católica é culpada pela morte de milhões de pessoas que foram condenadas pelos tribunais de inquisição, por apenas pensarem ou cultuarem de forma diferente do aceito pelos católicos.  Enquanto isso os evangélicos, que em sua maioria são da etnia negra, agem de forma preconceituosa, sendo meros repetidores do que afirmam os pastores, sem nem perceberem que o preconceito é puramente racial.
     As religiões de matrizes africanas possuem uma cultura rica e bela, e com certeza não compactuam com a violência que foi praticada. Não podem ser julgados pela mídia e conseqüentemente pelas pessoas adeptas de outras religiões. O que deveria acontecer era uma fiscalização do ministério público à abertura de centros, igrejas, templos de qualquer religião, para que as pessoas não sejam enganadas e nem sofram qualquer tipo de violência, realizando assim, cadastramentos dos templos de qualquer religião, bem como de seus representantes religiosos.


Por Fábio Emmanuel

Professor de história, diretor de comunicação do Sinpro - PE e coordenador da fração do Pc do B no SINPRO - PE.

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