domingo, 6 de maio de 2012

Holandeses repensam o Recife!!!!!!!!

Ana Cláudia Dolores anadolores.pe@dabr.com.br
Recife, domingo, 6 de maio de 2012

Após 300 anos de expulsão, especialistas discutem soluções para a cidade tendo como base Amsterdã



Arquitetos holandeses estiveram no Centro do Recife.
Pernambuco e Holanda já compartilharam a mesma história. No século 17, entre 1630 e 1654, os holandeses ocuparam o Recife e realizaram aqui obras de engenharia e arquitetura que se tornaram marcos do desenvolvimento urbano da capital. Mas não apenas a história é um ponto comum. As principais cidades, Recife e Amsterdã, guardam a semelhança de terem sido erguidas sobre as águas de rios, manguezais e pântanos. Mais de 300 anos após a expulsão dos holandeses, Recife e Amsterdã voltam a se unir. Dessa vez, para aprender juntas. Há quase dois anos, arquitetos urbanistas das duas localidades vêm discutindo propostas urbanísticas para atender necessidades de cada uma delas. Para o Recife, essa é a oportunidade de conhecer com detalhes as armas que os holandeses usaram para superar os momentos de caos urbano a ponto de tornarem-se referência mundial em mobilidade, gerenciamento de recursos hídricos e preservação do patrimônio histórico. Enxergar a cidade como um conjunto e delegar seu planejamento ao poder público deram bons resultados em Amsterdã e podem repetir o êxito aqui.

Profissionais holandeses estiveram na capital pernambucana, no fim de abril, para conhecer os problemas locais e concluíram que o atual momento do Recife é parecido com a crise urbana vivida por eles no pós-guerra, em 1945. A partir da década de 1960, Amsterdã ainda estava destruída, os contrastes sociais eram fortes, os rios e canais estavam poluídos e a população parecia sem rumo. Os países, no entanto, receberam recursos para serem reconstruídos e precisaram gerenciar esse desenvolvimento. O urbanista da Fundação Joaquim Nabuco Cristiano Borba lembra que, por pouco, os holandeses abandonaram o sólido conceito de planejamento em prol de ações imediatistas.

“Eles chegaram a secar alguns canais para servir de rua para os carros. Depois de muita pressão da sociedade, retomaram a valorização do espaço público. Restringir o uso do automóvel e investir no transporte público e individual não motorizado e na qualidade das águas da cidade foram algumas das medidas”, relatou. Numa visita feita aos bairros do Recife, São José e Santo Antônio, os arquitetos holandeses e os brasileiros constataram que essa área da cidade tem potencial para desenvolver uma boa qualidade urbanística, mas que precisa ser pensada para isso. Caso contrário, vão continuar os problemas atuais como o trânsito caótico e o abandono do patrimônio histórico. “Percebi que Recife está crescendo sem controle. A qualidade do espaço público é pobre e não amigável ao pedestre. Também parece não haver um foco em metas sustentáveis, como reciclagem, energias renováveis, controle de emissão de gases poluentes e biodiversidade”, avaliou o chefe do Departamento de Planejamento Físico de Amsterdã, Eric van der Kooij.

O presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Pernambuco (CAU), Roberto Montezuma, lembrou que o planejamento é uma das bandeiras que serão levadas para rodadas de discussão com a população e os gestores públicos que começarão a ser agendadas a partir de amanhã. “As soluções para a cidade têm que ser da sociedade, não do mercado”

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