sexta-feira, 22 de julho de 2011

E O TAL “FAIR PLAY”!!!!!!!


Na última quarta – feira dia 20 de julho, estava eu debruçado em meus estudos, alternando com o jogo do Palmeiras e Flamengo, que já caminhava para seu final. Certo momento um lance em especial despertou minha atenção. Kléber, atacante do Palmeiras, não quis devolver a bola ao time do Flamengo para que fosse consolidado o dito “fair play”, já que o jogador do Flamengo havia se contundido e o jogo parado com a posse de bola para o Palmeiras. O jogador palmeirense não devolveu a posse de bola e partiu para cima da defesa flamenguista, o que de imediato desencadeou uma atitude violenta por parte do time do Flamengo. Todos bradavam cobrando o “fair  play” por parte de Kléber.
Todo este fato me deixou curioso, o que viria a ser “fair play”? Traduzindo ao pé da letra quer dizer “jogar limpo”. Mais jogar limpo dentro de campo teria uma conotação apenas de devolver a bola quando o jogo é parado para atendimento? Então pensei no mesmo momento que esta expressão que virou campanha da FIFA, ganhou outra conotação nos campos brasileiros. Fui então pesquisar no livro de regras do futebol da FIFA e constatei que não existem regras que obriguem a devolução da bola, apenas uma orientação da FIFA para que se tenha um certo “cavalheirismo” entre os clubes que se defrontam, e que mesmo assim não consta no livro de regras.
Desta forma comecei a raciocinar e tentar entender qual a função do “Fair Play” e vi numa entrevista do presidente da FIFA, Joseph Blatter, que era na verdade uma campanha que deveria ser contra qualquer tipo de violência dentro ou fora dos gramados, seria como utilizar o futebol para integração dos povos e o respeito entre as nações. Diante disto, fiquei mais confuso ainda, pois a atitude do jogador do Palmeiras em nada tem haver com o tal de “fair play” e, talvez, com uma certa atitude de cavalheiros.
Então percebi rapidamente, que o ato do jogador palmeirense soou mais arredio e violento do que as entradas faltosas, algumas verdadeiras agressões que aconteceram durante o jogo, e que também a reação dos jogadores do Flamengo que agrediram moralmente o atacante palmeirense seria normal e o pior, ainda foi nas entrevistas, saindo expressões do tipo: “É um moleque”; “Isto não é atitude de homem”, configurando que o “fair play” neste momento já tinha desaparecido, porque um jogador se recusou a devolver a bola, a qual não era obrigado a devolver.
O mais preocupante de tudo é que o dito “fair play”, tem sido utilizado em algumas situações no mínimo deselegantes. Um bom exemplo foi no jogo Venezuela e Brasil pela Copa América, quando Ganso atleta brasileiro deu continuidade a uma jogada, onde o jogador da Venezuela estava caído no campo de defesa do Brasil após perder a bola, tendo se levantado logo em seguida ao fim da jogada. Houve neste caso, mais uma reação violenta, inclusive do jogador que estava caído. Percebi então, que este cavalheirismo confundido com o “fair play”, estava sendo usado maliciosamente para impedir situações de gol dos adversários.
De certo, ainda penso que a FIFA, poderia esclarecer ou determinar de forma mais homogênea quais os limites deste “fair play”, o que realmente concerne, ou seja, o que é entendido como um jogo limpo, pois muito mais sujo são os atos racistas nos estádios, as jogadas violentas em campo, a autoridade abusiva das arbitragens e a violência entre as torcidas. Pois é, a pergunta que não quer calar: o que é o “fair play”, de verdade?

Fábio Emmanuel
Professor de História
Diretor de comunicação do SINPRO - PE

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